Na Bíblia, a primeira vez que aparece a palavra família (mishpachah em hebraico) é em Gênesis 24.38, no registro do servo de Abraão fazendo um relatório do motivo pelo qual estava na casa de Betuel, sobrinho de Abraão. Apesar de ser uma citação tão distanciada da criação, isto não quer dizer que a família só começou a existir séculos depois da criação, porquanto percebemos que faz referência a uma instituição social que existiu desde os primórdios da criação: um núcleo de pessoas com ligações consangüíneas, que foram geradas a partir da união de um homem com uma mulher. No caso, Abraão e seu irmão Naor foram gerados à partir de Tera e sua mulher (Gen 11.27), juntamente com outro irmão, Harã, e outras irmãs. Naor gerou Betuel que gerou Rebeca e outros filhos (Gen 24.24). Abraão havia se referido aos seus familiares, como sendo a sua parentela (Gen 24.4).
De onde teria surgido essa instituição que, apesar de todos os embates, dificuldades e fraquezas humanas, insiste em persistir até os dias de hoje, em todas as sociedades que se tem conhecimento? Por que teria surgido no mundo e qual seria a sua função? O que seria, de fato, uma família? E, qual seria seu elemento de constituição?
Vamos procurar abordar essas questões neste estudo, à luz das Escrituras.
A FAMÍLIA É UM PROJETO DE DEUS
Gênesis 1.26-28
Deus criou o ser humano desdobrado em dois sexos, homem e mulher, e mandou que se multiplicassem, que gerassem filhos. Ao mesmo tempo estava criando o ser humano, instituindo a família, e lançando as bases para a formação da sociedade humana. Não foi o homem que decidiu ou descobriu que poderia procriar, gerar filhos, mas foi Deus quem ordenou ao homem que assim fizesse e quem o capacitou para tal.
Não criou um ser assexuado com algum sistema que lhe desse a ser hermafrodita que pudesse gerar de si mesmo uma outra criatura semelhante. Também não criou dois machos ou duas fêmeas dando-lhes a capacidade de gerarem filhos entre si, mas criou o ser humano como macho e fêmea, para que dos dois fosse gerada uma terceira pessoa, formando, à partir daí, uma família.
Sendo assim, podemos afirmar que a família é uma instituição divina para o homem e não uma instituição humana para o próprio homem. Também podemos afirmar que qualquer adulteração da formatação original da família é uma adulteração do projeto divino para a família humana.
A EXECUÇÃO DO PROJETO DIVINO SE ORIGINOU NA NECESSIDADE HUMANA DE COMPANHEIRISMO MATRIMONIAL
Gênesis 2.18-25
Houve uma primeira necessidade básica para a convivência do homem, e que foi vista primeiramente pelo próprio Deus, o companheirismo matrimonial. Não era a falta de companhia de seres de outras naturezas, (v.19,20), mas de um ser da sua própria espécie, com sexo oposto ao seu. E foi a partir dessa necessidade de companheirismo matrimonial que Deus formou a mulher para que se unisse em uma só carne com o homem, em um companheirismo íntimo, sem as vergonhas de pecados. Essa necessidade de companheirismo íntimo com ser da mesma natureza e sexo oposto, não inferior ao homem (note-se que Deus fez um desdobramento do próprio homem ao tomar-lhe uma costela e trans-formá-la na mulher - Gn 2.21,22), e que declarou que faria uma companheira para o homem), fez com que Deus executasse o projeto de instituição da família para o ser humano, como a menor célula da sociedade humana, estabelecendo, assim, também, o começo de toda a sociedade.
A FAMÍLIA SE ORIGINOU NA UNIÃO DO HOMEM COM A MULHER Gênesis 4.1,2
Nesses tempos conturbados do século XXI está-se desenvolvendo um esforço de alguns grupos minoritários, de comportamentos ou pensamentos contrários ao que foi estabelecido por Deus, de grupos minoritários porém detentores de grande poder de comunicação, no sentido de haver uma mudança no conceito de família, principalmente no aspecto da formação através da geração de filhos. Por isso incentivam pessoas do mesmo sexo a se unirem como se fossem um casal e a adotarem filhos gerados por união de homens e mulheres, ou através de métodos conceptivos artificiais. Biblicamente isto é um absurdo, é uma infração do que foi estabelecido por Deus. Socialmente é um desastre pois levará à deterioração da família, enfraquecendo a sociedade humana.
Como crentes em Cristo, pessoas obedientes a Deus, precisamos observar que a família se originou da união sexual entre o homem e a mulher. No texto que faz referência ao nascimento de Caim e Abel, em algumas versões da Bíblia (entre elas a Revista e Atualizada da Sociedade Bíblica do Brasil), consta o verbo coabitar no lugar de conhecer, mas a palavra utilizada no hebraico é yada`, que realmente tem esse significado literal de conhecer. É dito, então, que Adão conheceu sua mulher, Eva, e que da união, nasceram Caim e Abel. Isso porque em vários textos da Bíblia o relacionamento sexual entre um homem e uma mulher é designado como um ato de conhecimento, como é o caso de Caim e sua esposa (Gen 4.17). De maneira natural, os filhos nascem da união de um homem e uma mulher.
Precisamos observar, também, que a família se originou de uma união sexual ordenada por Deus.
Ao ser humano foi ordenado multiplicar-se (Gen 1.28). Isso quer dizer que o relacionamento sexual estava sendo ordenado por Deus. Não havia outro meio de o ser humano multiplicar-se a não ser através do relacionamento sexual. Essa visão nos remete ao pensamento lógico de que a prática sexual, em si, não é um pecado e nem foi o primeiro pecado do homem, como ensina a Igreja Católica Apostólica Romana.
É muito importante destacarmos que a família se originou de uma união conjugal estável. A respeito do relacionamento sexual há muitas distorções criadas pelo ser humano, tais como a prática desenfreada e desregrada do sexo como sendo elemento somente de prazer, fazendo com que seja praticado sem vínculos conjugais ou a prática entre pessoas do mesmo sexo. Isto é pecado. A pornéia é pecado. A inversão sexual é pecado. Deus fez o homem como ser sexuado, colocou nele o prazer do ato sexual e mandou que procriasse.
Mas ordenou a um casal, macho e fêmea, em união estável, que chamamos de casamento. A família surge da geração de filhos e, via de regra, isso acontece através da prática sexual dentro do casamento (não estamos incluindo aqui casos de adoção ou de inseminações artificial porque não estão dentro do conceito de normalidade). Fora disso o que há são invenções humanas que levam sempre a família ao desequilíbrio, ao esfacelamento social e ao caos espiritual.
CONCLUINDO
1. O fato de ter sido o próprio Deus quem observou no homem a necessidade de companheirismo familiar faz com que pensemos na realidade de que não adianta seres humanos desprezarem ou mudarem os conceitos e os fatos relativos à família, porquanto isto não mudará o que Deus estabeleceu. Apenas a humanidade estará cada vez mais se distanciando do Criador, dos seus princípios e demonstrando que as palavras do Senhor se cumprem no que diz respeito à iniquidade se multiplicando.
2. Deus não age nem muda seus pensamentos a partir de conceitos e atos humanos. O que Deus estabeleceu está estabelecido para sempre. Agir conforme o pensamento humano, fora dos princípios estabelecidos por Deus será sempre errar o alvo dEle, será sempre pecado.
3. Depois de desdobrar o homem em dois seres semelhantes, Deus deu aos dois a capacidade de, juntos, continuarem se desdobrando em outros seres semelhantes a eles. Adão uniu-se sexualmente à sua mulher e os dois geraram um novo ser que veio a ser filho, parte integrante da família. Seus filhos e filhas se uniram sexualmente e continuaram gerando outros filhos, fazendo com que as famílias da terra crescessem e se multiplicassem.
4. Hoje, os comportamentos sexuais de muitos serem humanos são pecaminosos, imorais e destrutivos. Dizemos isso à luz das Escrituras. Pode não ser à luz dos conceitos dos homens, mas para o crente em Cristo, que procura pautar a sua vida de acordo com as Escrituras, sempre serão atos pecaminosos se praticados fora do casamento ou entre seres do mesmo sexo.