O CRESCIMENTO DA IGREJA
Este é um dos temas mais atuais no mundo denominado cristão. Há uma verdadeira euforia pelo crescimento de igrejas. Livros sobre o assunto são vendidos aos milhares, seminários caríssimos são assistidos por um número infinito de pastores e líderes, sistemas de crescimento são inventados quase que todo dia, cursos específicos são oferecidos, inclusive a nível de pós-graduação por grandes instituições de ensino religioso cristão.
Particularmente nunca consegui me contaminar por esta euforia e, ao contrário, sempre a vi com maus olhos e com não poucas reservas. Sempre me soou e me pareceu estranha ao evangelho de Jesus Cristo toda esta movimentação. Por isto sempre fui muito criticado pelos adeptos, admiradores e esforçados por tentar um engajamento. Sempre ouvi argumentações do tipo “mas a igreja do fulano cresceu 200% em um ano...”.
Gosto muito da Bíblia e sempre a tive como meu manual de pastorado. Se encontrar respaldo na Bíblia eu faço, se não encontrar não faço. Creio que por este motivo não me engajei no movimento e fiquei como que nadando contra a correnteza. Não me arrependo. Até hoje não consigo encontrar respaldo bíblico para ficar feito louco, utilizando métodos humanos (por mais belos, atraentes e bem engendrados que sejam) para tentar fazer a igreja que pastoreio crescer.
Na verdade não há na Bíblia nada que nos incentive ou ensine a nos dedicarmos ao crescimento da igreja. O que encontramos são exemplos de igrejas crescendo, como as de Jerusalém e Corinto, mas quando examinamos o motivo, não encontramos nenhum esforço “marketeiro” de algum apóstolo ou pastor para fazer aquelas igrejas crescerem.
O que encontro na Bíblia são ensinamentos de Jesus a respeito do crescimento do reino de Deus. E é exatamente do reino de Deus que se esquecem os que se empenham em fazer “suas” igrejas crescerem.
Há duas parábolas de Jesus, encontradas no Evangelho de Marcos, capítulo 4, versículos 26 a 32 que nos ensinam a respeito do crescimento do reino de Deus.
Primeiramente ele nos diz que o crescimento depende do lançamento da semente. Em uma outra parábola Jesus ensinou que a semente é a Palavra de Deus. Então, se queremos participar (não fazer) do crescimento do reino de Deus precisamos, acima de tudo, semear a Palavra de Deus, pregar o evangelho de Jesus Cristo, o evangelho da salvação. E não foi esta a ordem dele aos seus discípulos? Não mandou que fossem por todo o mundo e pregassem o evangelho a toda a criatura? Mas parece que isto está fora de moda. Os mestres em crescimento de igreja gostam de deixar a pregação de lado e procurar outros meios de atrair pessoas às igrejas.
Em segundo lugar ele nos ensina que a semente cresce independentemente do semeador. Na primeira parábola ele diz que o semeador foi dormir e quando acordou a semente havia germinado sem ele saber como. O homem não sabe como de fato a palavra de Deus germina no coração e, por isto, não pode fazer nada para que ela cresça. Não existem recursos humanos que possa fazer uma semente da Palavra de Deus crescer em um coração. Só Deus pode fazer isto.
Em terceiro lugar ele nos ensina que o crescimento depende do solo onde a semente é lançada. Mas Jesus nos mandou semear o evangelho no coração de todos e isto nos ensina que não podemos ficar escolhendo pessoas para anunciar o evangelho, pensando se o coração é propício ou não para a semente germinar. Nossa tarefa é semear a semente em todos os corações.
Finalizando, o crescimento da igreja não é tão importante quanto o crescimento do reino de Deus. Cada igreja precisa se considerar parte integrante do reino de Deus e precisa trabalhar pelo crescimento deste reino. O crescimento do reino só acontecerá verdadeiramente se cada crente se empenhar em ser um semeador da
Palavra de Deus, um anunciador do evangelho da salvação em Jesus Cristo. Considerando-se parte integrante do reino de Deus, deve se alegrar pelas almas que se convertem e que se integram a qualquer igreja que seja, de fato, uma igreja do Senhor Jesus Cristo.